A Simulação Realística no Ensino Superior

A Simulação Realística no Ensino Superior

A arte de simular o mundo real do mercado de trabalho

A simulação não é uma ferramenta de aprendizagem nova.

Desde o século XVII, busca-se reproduzir situações reais como método experimental na tentativa de entendimento da natureza e dos seus processos. Segundo Accioly,

Seja como farsa ou como método de pesquisa, o que uma simulação produz é uma espécie de realidade sintética – uma redução da complexidade do real ao nível do decifrável, do previsível, controlável.¹

Quando voltado para a educação, esse processo não poderia ser diferente. Ao refletir sobre as diversas ferramentas capazes transformar a forma de aprender, é possível conhecer a chamada simulação realística. Em campos gerais, a simulação busca tirar a ideia do professor como ser detentor do poder e do conteúdo, transformando essa figura em condutora de informações. Segundo Pazin e Scapelino,

Ao contrário do ensino “tradicional”, no qual o aluno recebe bases teóricas e uma visão geral do processo nosológico de modo passivo, no EBT o aluno inicialmente é exposto a uma situação prática onde exercerá papel ativo  na  aquisição  dos  conceitos  necessários  para  a compreensão e resolução do problema. Nesta metodologia, o professor assume uma postura de condutor e não a de fornecedor ativo  de  toda  a  informação.²

Entende-se como ETB o ensino baseado em tarefas, metodologia ativa que nos fornece a base para a simulação realística, instrumento de treinamento de habilidades técnicas, gerenciamento de crises, liderança, trabalho em equipe e raciocínio em situações críticas, que podem vir a causar transtornos no mercado de trabalho.³

Mas afinal, o que seria essa metodologia?

Quando se fala da simulação realística no ensino superior, ainda não se têm muitas informações, visto que os periódicos mais antigos da plataforma CAPES referentes a esse assunto datam do ano de 2010. Entretanto, muitas instituições já utilizam a ferramenta em sua realidade acadêmica, seja de forma remota, através de vídeos e games, ou presencialmente, através do uso do teatro, bonecos ou máquinas, por exemplo.

Um bom exemplo de simulações no âmbito online pode ser visualizado em possíveis aulas de ética para um curso de RH. Quando falamos de processos de seleção, por exemplo, é possível ter como auxílio cenas de atores em situações reais incentivando os alunos a refletir sobre as atitudes tomadas nos exemplos. Em tal cenário, os educadores podem pedir para que os alunos resolvam as situações, quando paradas em um ponto de conflito, ou até mesmo defendam os pontos com base em conhecimentos adquiridos previamente.

Se tratando de um ambiente presencial, os cursos de saúde possuem um grande repertório na simulação realística, podendo ter treinamentos de primeiros socorros com máquinas, bonecos, e até mesmo com atores em intervenções em salas de aula. Outra possibilidade também aparece em cursos de psicologia, onde o contato com pacientes e diagnóstico pode deixar de ser um momento aterrorizante, tendo atores ou até mesmo outros colegas incorporando esse papel.

Independente do curso ou área de atuação, a simulação realística aparece como forma de introduzir os estudantes a situações complexas que podem ser vivenciadas no mercado de trabalho. Tudo isso em um ambiente controlado, onde o erro é mais do que incentivado. Afinal, esse é o momento de errar e aprender.

Dessa forma, é possível conhecer uma nova era de aprendizado na graduação, que tem como pilar a prática e a autonomia na tomada de decisões pertinentes às profissões em questão. Incentivar o conhecimento e a eficácia dessa ferramenta de aprendizagem é essencial para a construção conjunta de novos métodos de ensino que buscam a formação de profissionais diferenciados para o mercado.

 

REFERÊNCIAS

¹ ACCIOLY, Maria Inês. Táticas da cognição: a simulação e o efeito de real. Ciênc. cogn.,  Rio de Janeiro ,  v. 9, p. 56-63, nov.  2006.

² FILHO, A. P.; SCARPELINI, S. SIMULAÇÃO: DEFINIÇÃO. Revista Medicina (Ribeirao Preto Online), v. 40, n. 2, pp. 162-166, 30 jun. 2007,

³ BRANDÃO, C. S. et. al. A simulação realística como ferramenta educacional para estudantes de medicina. Revista Scientia Medica: educação em ciência da saúde, São Paulo, v. 24, n. 2, pp. 187-192, mai. 2014.

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