Compartilhando aprendizagens e engajando colaboradores

Compartilhando aprendizagens e engajando colaboradores

A Educação Corporativa é uma prática de gestão de pessoas que tem como principal objetivo a promoção, disseminação e manutenção do processo de aprendizagem a fim de promover o desenvolvimento dos colaboradores e o crescimento da empresa, sendo fundamental para o sucesso de grandes e pequenas organizações. 

Um dos maiores desafios das corporações para os seus colaboradores é mantê-los engajados e motivados com o trabalho e com a empresa, fazendo com que seus funcionários tenham um melhor rendimento e trazendo maiores benefícios tanto de forma financeira quanto através de uma entrega melhor dos resultados, um melhor clima organizacional e maior produtividade.  

Focando em melhores resultados, as empresas começaram a enxergar a educação corporativa como a alternativa ideal para que houvesse um maior incentivo dos colaboradores, já que apenas a oferta de uma boa remuneração não é mais o bastante. Os funcionários precisam de um motivo para abraçar as causas e objetivos e entregar a melhor versão de seus trabalhos em todos os aspectos, vestindo a camisa e com orgulho de fazer parte da organização. 

 

A educação corporativa no Brasil

 

No Brasil, a educação corporativa é um ponto ainda negligenciado pelas empresas, e esse cenário precisa mudar ou pode colocar em risco questões competitivas e estratégicas das organizações. 

No infográfico abaixo, retirado do blog “Sambatech” e elaborado a partir da pesquisa "O panorama do treinamento no Brasil - Fatos, Indicadores, Tendências e Análises - 2017|2018”, percebe-se a situação do Brasil através da comparação com os EUA: 

Nas palavras de Jeanne Meister, referência no trabalho com educação corporativa, essa prática é um “guarda-chuva estratégico para desenvolver e educar funcionários, clientes, fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias da organização”. No Brasil, a formação dos colaboradores é muitas vezes vista como insuficiente pelas empresas. Com isso, “Ao invés de esperarem que as escolas tornem seus currículos mais relevantes para a realidade empresarial, [as corporações] resolveram percorrer o caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da empresa”, como completa Meister. Ou seja, as organizações brasileiras cada vez mais percebem a necessidade de criar seus próprios sistemas de capacitação, como informa o infográfico: apesar de o investimento ser inferior ao apresentado pelos EUA, em 2017 ele foi 21% maior do que em 2016. 

 

A Importância dos Gestores na Educação corporativa 

 

Os gestores das equipes possuem um papel importante para a implementação da Educação Corporativa nas empresas. O Artigo “Educação corporativa: Uma reflexão sobre a absorção, criação, disseminação e retenção de conhecimentos nas organizações”, da Revista Espacios, aborda o papel fundamental dos gestores no estabelecimento da educação corporativa, servindo de exemplo aos trabalhadores e sendo responsáveis diretos pelo treinamento, disseminação e retenção do conhecimento nas organizações. 

Duas citações expostas no artigo frisam a necessidade de preparação dos gestores para que eles possam desempenhar plenamente seus papéis de educadores, formadores e orientadores junto aos seus subordinados.  De acordo com o que afirma Martins (2008, p.60):

[...] é vital, não só por serem agentes de disseminação, consolidação e transformação da cultura e das competências organizacionais, mas também porque será por meio desta atuação exemplar que serão percebidos como lideranças educadoras, cujo modelo de comportamento deve ser seguido e buscado pelos demais colaboradores da organização.

Em seu artigo “O papel das lideranças no êxito de um sistema de educação corporativa”, de 2005, Marisa Eboli afirma que "Ao se analisarem as melhores práticas de Educação Corporativa, manifesta-se a importância de os líderes e gestores assumirem seu papel de educadores. É fundamental que eles se envolvam e se responsabilizem pela educação e aprendizagem de suas equipes, e se comprometam com todo o sistema."

Conforme a afirmação de Marisa, o gestor que criar um ambiente de trabalho em que sua equipe tenha condições de expressar e questionar opiniões, bem como perceber a preocupação do gestor com o progresso de seus membros, construirá um excelente lugar não apenas para trabalhar, mas também para aprender e educar. 

 

Os benefícios do investimento na Educação Corporativa

 

Em primeiro lugar, vale ressaltar que uma empresa que investe na educação corporativa sai na frente de outras que se mantém no passado. O fator de se preocupar com a capacitação do seu colaborador é um dos outros vários benefícios nesse investimento, garantindo um retorno significativo quando se fala em questões motivacionais, de engajamento e produtividade das equipes. 

Gustavo Brito, gerente de educação corporativa do Grupo O Boticário, foi o convidado do podcast “Leader in the Jungle” para debater sobre o papel social e estratégico da Educação Corporativa. Gustavo afirma que as empresas possuem um papel hoje de liderar a transformação educacional através da transformação das suas pessoas.  

Uma das tendências do RH e da educação corporativa nas empresas é a de serem facilitadores do aprendizado, e cada vez mais esses setores precisam se responsabilizar pela criação de ambientes que sejam propensos ao aprendizado e ao fortalecimento da cultura do protagonismo. De acordo com Gustavo

 O papel passivo na relação educacional não faz parte do século XXI. Ninguém mais pode esperar ser empoderado ou ser desenvolvido pela organização. O que a pessoa tem que esperar é que a organização entregue plataformas suficientemente congruentes e convenientes para que o desenvolvimento aconteça. E o trabalho do colaborador diligente é de assumir com responsabilidade por esse processo.

Em sua participação em uma das lives promovidas pela Liga Educacional, Gustavo reforça que a educação voltou a ser o que era há 10 mil anos atrás: no passado, se o ser humano não aprendesse e desenvolvesse habilidades rapidamente, ele morreria. Com a revolução agrícola, as demandas mudaram e criamos um ambiente para estudar e trabalhar. Atualmente, entretanto, a obsolescência é tão maior que, se não aprendemos em tempo real, rapidamente deixamos de ser relevantes e morremos profissionalmente. Dessa forma, Gustavo conclui dizendo que precisamos estar sempre aprendendo e nos tornando relevantes no presente. 

A educação corporativa pode ser vista como uma oportunidade para que o colaborador enxergue um espaço ideal para criar seus próprios espaços de desenvolvimento. 

Gustavo acredita em 4 habilidades fundamentais para quem quer trabalhar na área de educação corporativa: 

  • Habilidades de design. Saber fazer uso das disciplinas de design para construir as experiências de aprendizagem.
     
  • Habilidade de construir relacionamentos a partir de uma comunicação consciente, afetiva, não-violenta.
     
  • Interpretar, analisar e movimentar dados. A educação corporativa é uma ciência e exige dados.
     
  • Entender a natureza do negócio no qual você está inserido.

As organizações precisam ter em mente que, sem a educação corporativa, o risco da empresa ficar obsoleta é grande, mesmo que haja serviços excelentes ou produtos imperdíveis. Sem um bom relacionamento com o colaborador, a empresa vai ficando em desvantagem.  

As corporações precisam levar em conta uma fórmula básica: colaboradores mais comprometidos, engajados e com maior foco em melhores entregas são garantia de um ambiente mais colaborativo e com maior rendimento para criação ou execução de tarefas.

Dessa forma, havendo uma maior entrega, os resultados acompanham essa evolução, trazendo uma maior satisfação para os valores alcançados pelas organizações. 

 

Referências:  

 

SILVA, G. J. de, AGOSTINO, I. R. S, SOUSA, S. R. O. de, RONCHI, C. C & DAHER, R. O. Revista Espacios, 2016. Educação corporativa: Uma reflexão sobre a absorção, criação, disseminação e retenção de conhecimentos nas organizações. Disponível em a17v38n20p36.pdf (revistaespacios.com). Acesso em 23 abril. 2021.

 

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