A requalificação no futuro do trabalho

A requalificação no futuro do trabalho

A requalificação é o grande desafio do futuro do trabalho. Qual o perfil do Brasil e do mundo nesse cenário?

O avanço tecnológico e o advento da pandemia estão, cada vez mais, mudando o perfil das empresas em todo o mundo. Até 2025, estima-se que metade dos profissionais vão precisar de uma requalificação para melhor se adequar às necessidades das empresas. Sem dúvidas, a lacuna de habilidades/skills digitais é um dos desafios mais urgentes para os negócios e trabalhadores de todo o mundo.

Muitas empresas seguem no regime de home office por conta da pandemia, que vem mudando o rumo da história do mundo inteiro desde 2020. Com esse novo cenário, a discussão sobre as qualificações necessárias para os profissionais do futuro tem cada vez mais se tornado um assunto muito relevante e determinante para os funcionários e colaboradores, empresas e governos de todo o mundo.

E como fica o Brasil nesse cenário de requalificação dos profissionais?

Estima-se que uma requalificação dos profissionais e o avanço tecnológico nas carreiras pode trazer um aumento de mais de 7% no PIB do Brasil.

Encontramos no relatório “O futuro do trabalho - 2020”, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o perfil do Brasil no contexto do futuro do trabalho. O relatório apresenta várias informações relevantes, recolhidas de várias empresas do Brasil a respeito das mudanças ocasionadas pela pandemia, bem como as habilidades e profissões emergentes nesse novo cenário. Vamos mostrar alguns desses dados nesse artigo.

O estudo mostra que 40% das empresas pesquisadas buscam realocar os funcionários para outras funções temporariamente devido à pandemia e 52% procuram prover uma educação tecnológica para acelerar a digitalização da requalificação dos trabalhadores. O relatório mostra também que 68% investigam a aceleração do processo de automação das tarefas, 88% procuram prover mais oportunidades de trabalho remoto e 92% buscam a digitalização dos processos de trabalho (através do uso de ferramentas tecnológicas, videoconferências, entre outros).

Uma parte do estudo também expõe as funções de trabalho cada vez menos necessárias e aquelas que agora possuem alta demanda dentro das organizações. Dentre os cargos que mais emergem estão os Especialistas em Inteligência Artificial e Machine Learning, Cientistas e Analistas de Dados e Especialistas em Internet das Coisas. Em contrapartida, os cargos que cada vez mais se tornam supérfluos são os dos funcionários de contabilidade, os auxiliares administrativos e trabalhadores de montagem e fábrica.

As 15 habilidades identificadas como sendo de mais alta demanda pelas organizações pesquisadas também são divulgadas pelo relatório. Entre elas, estão (em ordem de frequência):

  1. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem
  2. Pensamento analítico e inovação;
  3. Criatividade, originalidade e iniciativa:
  4. Liderança e influência social;
  5. Inteligência emocional.

A pesquisa também disponibiliza as 10 habilidades que estão em foco nos programas de requalificação nas empresas pesquisadas, e são essas:

  1. Liderança e influência social
  2. Pensamento analítico e inovação
  3. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem
  4. Pensamento crítico e análise
  5. Design e programação de tecnologia
  6. Aptidão para o atendimento
  7. Raciocínio, resolução de problemas e ideação
  8. Gestão de pessoas
  9. Criatividade, originalidade e iniciativa
  10. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade

As empresas em questão também estão respondendo a essas necessidades de mudança: 97% buscam a automação do trabalho e 93% o treinamento dos profissionais já empregados; 87% procuram a contratação de novos funcionários permanentes com habilidades relevantes relacionadas às novas tecnologias e 84% esperam que os funcionários adquiram as novas habilidades no exercício do trabalho; 68% buscam a terceirização de algumas funções do negócio para contratados externos e 61% a contratação de novos funcionários temporários com habilidades relevantes relacionadas às novas tecnologias e 55% buscam a contratação de freelancers com essas “novas” habilidades.

Os dados divulgados pelo relatório mostram uma dupla ruptura enfrentada pelos negócios e os trabalhadores: a recessão causada pela pandemia e a automação acelerada. É importante ressaltar que o impacto da tecnologia e da recessão foi pior para as mulheres, os jovens e trabalhadores de baixa renda.

Frente a esse cenário, tornam-se cada vez mais necessários os investimentos a longo prazo por parte das empresas e governos de todo mundo.  Segundo a matéria “Fórum Econômico Mundial: como gerar novos empregos no pós-pandemia?”, publicada pelo blog da Folha Dirigida em 03/11/2020, por exemplo, a Geórgia criou uma nova plataforma através de uma parceria público-privada que busca dar oportunidades para que a nova geração se torne mais inovadora, com foco em startups, tecnologia e empreendedorismo. 

A análise dos dados divulgados pelo relatório são claros: o ambiente corporativo está de cabeça pra baixo e as empresas e governos correm na tentativa de superar os desafios.

A questão “Como capacitar a mão de obra para os empregos do futuro” entrou em debate no programa “Skilling the workforce” (“qualificando a força de trabalho”, em tradução livre) do Fórum Econômico Mundial de 2021. O debate centrou-se na discussão sobre como governos e empresas podem colaborar de maneira mais efetiva no treinamento contínuo de mão de obra global após o choque profundo causado pela pandemia.

Como superar a automação no trabalho e qualificar essa mão de obra que precisa ser produtiva trabalhando de qualquer lugar? Como as empresas podem investir em treinamento de suas mãos de obra em meio à crise?

Os especialistas presentes no programa disseram que a responsabilidade de qualificar e requalificar a força de trabalho no mundo pós-pandêmico é um dever não apenas dos governos mas também dos próprios funcionários e empresas.

 

“O que é ainda mais importante é que indivíduos, governos e empresas, todos têm que trabalhar em um engajamento triplo. Todos devem estar cientes de que é sua responsabilidade permanecer atraentes. Depois de 10 anos, eles ficarão obsoletos no mercado de trabalho. É uma realidade. Os empregadores também devem investir na empregabilidade. Eles devem ter uma visão clara sobre a força de trabalho. Caso contrário, eles perderão a atratividade. 

Os governos também têm que criar uma estrutura na qual incentivos terão que ser colocados em prática para recompensar aqueles que requalificam os funcionários. Isso deve ser visto como um investimento e não como um custo. Muitos governos estão investindo US $100 bilhões para apoiar a economia local, mas eu acho que isso é a curto prazo. Por que não usar a mesma quantia de dinheiro para requalificar e aumentar as habilidades dos trabalhadores? Além disso, deve haver reformas fiscais diferentes para aqueles que dispensam funcionários em vez de requalificá-los para que assim a requalificação seja mais atraente."

Alain Dehaze, CEO da Adecco Group AG, de acordo com a matéria “WEF 2021: ‘Skilling worforce in post-pandemic world must to ensure global growth” do portal Business Today

 

voltar